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O Casamento de Jildinei, Katiane e Calle

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6 respostas a este tópico

#1 Katiane

Katiane

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Publicado 12 setembro 2020 - 04:47

MEU CASAMENTO COM JILDINEI E CALLE

 

As pessoas pensam que nós, astros pornôs, baseamos todos os nossos relacionamentos exclusivamente em sexo, e não em amor. Não é verdade. Bem, no meu caso é parcialmente verdade, mas não totalmente.

 

Já fui casada várias vezes, sempre com homens e mulheres que me desejavam principalmente pelo sexo. Talvez por isso eu sempre admirei (ou melhor, invejei) o casamento da minha melhor amiga, a Calle, com o Jildinei: tanto amor, carinho, dedicação e compreensão, enquanto pra mim, atriz pornô que nem eles, restava a solidão. Não que a vida de solteira fosse ruim: baladas, orgias, mil transas, amanhecer um dia na cama de um amigo pra de noite dormir na cama da gata que acabei de conhecer... enfim, curtir que a vida tem pra oferecer. Mas… sabe assim, quando nas tardes chuvosas de domingo tu sente falta de uma companhia quente no sofá, embaixo de cobertor, com um chazinho na mão e uma comédia romântica na TV? Quando tudo que a gente quer é um colo quente pra repousar a cabeça? Nessas horas eu sempre pensava no que a Calle e o Jil estariam fazendo. Chegava a passar a mão no celular, mas resistia à tentação de mandar mensagem, não querendo estragar a intimidade deles.

 

Num fim de tarde quente depois do trabalho, entre uma cerveja e outra no bar ao lado do estúdio, confessei esses sentimentos pra Calle, e brinquei sobre casar com ela e Jil. E aí a Calle, direta que é, me respondeu na lata:

 

“Ué, e por que não, Kate?” Calle é a única que me chama de Kate.

 

“Trisal, Calle? Mas tu acha que ia dar certo? Não sei, o Jil parece tão ciumento…”

 

“Magina, miga. O Jil pode ser um dino das antigas, mas ele sabe o que é bom. Nós dois íamos amar ter você participando do nosso amor. Isso sem falar nos ménages fantásticos que iríamos ter. Nós três juntos iríamos sacudir os pilares da sociedade!”, gargalhou Calle.

 

Passou pela minha cabeça a imagem de mim na cama, enfiada entre os dois, num gostoso ménage. Eu nunca contracenei com o Jil, mas sei bem o que ele guarda dentro daquela sunga cor de vinho que ele nunca tira… e sei bem onde eu gostaria que ele colocasse. Respondi, rindo também:

 

“Gata, eu ia adorar ser adotada por vocês! Sempre sonhei ser a putinha de um casal”. A palavra “putinha” saiu sem querer. Era a submissa dentro de mim já se imaginando amarrada na cama e abusada pela Calle e pelo Jil. Quem acompanha minha carreira desde o começo sabe que a Huntie, minha primeira sócia no Sex Dream, despertou meu lado submisso e desde então nunca deixei de curtir um BDSM leve.

 

Acho que olhos da Calle brilharam ao ouvir essa frase, mas, na hora, nem percebi. Só prestei atenção na resposta dela: “Eu ia amar acordar todos os dias com Jil de um lado e tu do outro. Eu sei que Jil também ia amar, é só saber como propor pra ele”

 

“Pois é, gata, mas eu nem sei como fazer uma proposta dessas pro Jil”, repliquei.

 

“Nem esquenta, do Jil eu me encarrego de convencer”.

 

Gargalhamos, pois sabíamos bem que tipo de “convencimento” a Calle ia usar com o Jil… e tive inveja dele. Jil ia dormir com um sorriso no rosto esta noite.

 

Tomamos mais umas cervejas planejando, entre gargalhadas, como oficializaríamos o nosso poliamor.

 

Na manhã seguinte o celular já tinha a mensagem da Calle:

 

“Tudo certo. Pode trazer as alianças. Na hora do almoço, no refeitório a gente oficializa”.

 

Eu tinha no meu cofre vários anéis de jóias, presentes de amantes, recebidos como prêmio ou comprados ao longo da minha carreira de quando eu era dona de estúdio. Separei um trio que serviria bem de aliança, e me arrumei toda chique pra ocasião. Todo o trabalho de me vestir e maquiar não adiantou nada: mudaram os horários da manhã e eu tive que gravar. Uma das desvantagens de não ser mais patroa. Na hora do almoço, que eu tinha combinado com a Calle, eu tava com roupa de filmagem, um monoquíni verde cavadíssimo que deixava muito pouco pra imaginação. Nem meus sapatos eu conseguia achar. Mesmo assim, fui ao encontro da Calle, que, embora um pouquinho mais vestida (pelo menos ela tinha meia-calça e sapatos), também não tinha conseguido se manter arrumada. “Tudo bem”, ela disse. “Vamos lá, força na peruca”. Entreguei pra ela duas das alianças, e fui pro meio do refeitório. Calle foi buscar o Jil na gravação dele, daquele jeito dela. Ela voltou logo, de mãos dadas com o marido, que tava de sunga e de camisa do Brasil, como sempre. Fiquei aliviada de ver o sorriso feliz no rosto do Jil. Ele não tava lá a contragosto.

 

E assim ali estávamos, os três em roupa de filmagem, no meio de uma rodinha de colegas de estúdio, curiosos com a agitação. Me ajoelhei, meio atrapalhada de emoção, e me declarei:

 

“Calle, Jil, Sempre admirei o casamento de vocês: tanto amor, carinho, dedicação e compreensão...”

Enxuguei uma lágrima. Nos meus tempos de dona de estúdio eu jamais me permitiria demonstrar minhas emoções assim na frente dos colegas, mas agora, como simples atriz, sem dever nenhum de parecer uma líder forte e imperturbável, eu me permitia ser muito mais solta. Me entreguei às minhas emoções. Funguei um pouco, e continuei:

 

“Eu queria… eu queria fazer parte disso. Vocês… cês casam comigo?”

 

Calle e Jil se entreolharam, os olhos brilhando, e então responderam, quase ao mesmo tempo:

 

“Aceito!”, disse Calle. “Você é a minha melhor amiga, estivemos juntas nos momentos bons e ruins, e nada me faria mais feliz que acolher você nos nossos corações!”

 

“Eu digo sim, Rainha mor”, disse Jil, sorrindo. “Quando Calle me falou, fiquei com um pouco de ciúmes, mas aí pensei: Caramba, vou ser marido das duas mulheres mais fodásticas do mundo pornô! O que mais um cara pode querer? Se as duas topam, por que não?”

 

Os dois me estenderam as mãos e me ajudaram a levantar. Atrapalhados e emocionados, trocamos as três alianças entre nós. Depois nos abraçamos, juntamos os três rostos e nos beijamos, um delicioso e ardente beijo triplo, que pra mim durou um momento eterno de felicidade. Meus casamentos anteriores certamente foram mais chiques - no mínimo eu estava calçada - mas nenhum teve tanto amor de verdade.

 

Acabamos de nos beijar, ainda sob os aplausos do pessoal do estúdio. E antes que o povo chegasse perto pra cumprimentar, Calle já foi nos puxando, Jil e eu, pelas mãos, até a saída dos fundos do estúdio. Uma grande limusine branca já estava lá nos esperando.

 

“Por isso eu te amo, esposa! Você já pensou em tudo!”, disse Jil.

 

“Eu sempre penso em tudo, lindinhos”, respondeu Calle. “Inclusive na nossa lua-de-mel. Para o aeroporto”, ordenou ela ao motorista.

 

“Lua-de-mel? Mas eu nem fiz malas! E o resto das nossas filmagens?”

 

“Mandei substituir todos nós nas filmagens durante a lua-de-mel. Vantagens de ser produtora e fodástica”, disse Calle. “Quanto às roupas, Jil e eu já fizemos nossas malas. Quanto a você, putinha, vai vestir o que mandarmos. E agora eu quero que você não vista nada”.

 

Olhei pro Jil, e ele disse: “Foi você que disse que queria ser a nossa putinha, Calle usou isso pra me convencer. Ajoelhou, tem que rezar, Kat”.

 

E eu me despi, e me ajoelhei. Eu já tinha transado numa limusine, mas nunca a três. Feliz, deixei aflorar meu lado submisso e curti ser a putinha do Jil e da Calle por todo o caminho até o aeroporto, que foi bem longo. Ou talvez o motorista tenha ficado dando voltas enquanto a gente tava se curtindo, não sei.

 

Sei que quando chegamos ao aeroporto Calle tirou de uma bolsa as roupas pra viajarmos. Não, não tive que viajar nua. Na verdade, usei minhas economias da época de dona de estúdio pra pagar um upgrade pra primeira classe, onde pudemos voar com muito mais privacidade, e, embaixo de um edredom com monograma da empresa aérea, acrescentar milhas ao Mile High Club. Nosso destino? O Tahiti, onde casamos do jeito apropriado, na praia e com todo romantismo a que tínhamos direito.

 

Katiane, estúdio Pandora


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#2 Brianna

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Publicado 12 setembro 2020 - 12:50

Parabéns. Espero que vcs sejam mt felizes. E que o amor de vcs seja exemplo pra todos. Felicidades pra vcs três.
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#3 Katiane

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Publicado 12 setembro 2020 - 14:08

Obrigada, Bri!

#4 Calle

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Publicado 12 setembro 2020 - 16:46

Eu amo esse trioooooooo   :wub:

 

O amor já existe a mais de 3 anos, só oficializamos as noitadas de amor e chicotes!

Muito bom vê-la novamente e aproveitar desse corpo moreno delicioso (heart)

 

Que a nossa lua de mel seja eterna até o nosso Jil aguente... ;)  (bomb)

 

Beijinhos!

 

Ainda estou procurando os outros oito... já se foram dois hahahaha   (devil)


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#5 rRADKE

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Publicado 15 setembro 2020 - 17:13

Ahhh que coisa linda ver a kat voltando nos posts do forum <3
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#6 Katiane

Katiane

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Publicado 24 setembro 2020 - 04:17

Obrigada!!!!!
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#7 Katiane

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Publicado 19 dezembro 2020 - 06:10

PARTE 2!

 

Pensei um bocado se deveria publicar este texto. Primeiro porque a “parte um” tinha ficado boa e sucinta, e a “parte dois", por causa do tempo maior de que dispunha, ficou tão grande e cheia de detalhes que vai ser necessária até uma parte três kkkkkk! Histórias detalhadas são um problema. Se por um lado mais detalhes tornam a história mais real, a trazem para a vida, por outro tiram o foco daquilo que quero transmitir, que é o nosso singular amor a três.

 

Segundo, porque Calle, Jil e eu sofremos este ano alguns ataques de haters, não sei se por inveja, ou por ódio ao nosso estilo de vida. Quando uma pessoa aparece num espaço público te xingando, e xingando as pessoas de que você gosta, uma reação é se retrair, ficar na tua, tanto porque tu fica com medo de se expor, como porque isso tira um pouco da tua alegria de estar no mundo. O que é muito injusto, porque, afinal, ninguém tem o direito de ficar julgando nosso estilo de vida.

 

No fim decidi publicar. A nossa vida é repleta de pequenas coisas sem importância ou sentido, e nossa natureza é buscar o sentido e a importância nesses detalhes. Talvez um leitor veja relevância no detalhe que eu pus só pra fazer firula. Sobre os haters, resolvi seguir o que diz o título da música: viver bem é a melhor vingança. Haters, quero que vocês se fodam.

 

Por fim antes de entrarmos na história, um pequeno esclarecimento: a camiseta da bandeira do Brasil que Jil usava o tempo todo já foi trocada. Mas na época ele andava o tempo todo com ela.

 

Espero que gostem do texto.

 

 

Meu Casamento com Jil e Calle – parte 2

 

Sempre que uma celebridade se casa e sai publicando imagens da cerimônia, ou mesmo quando "vaza" vídeos da intimidade com seu par romântico, sempre tem a turma que vem acusar o casamento de ser falso, o amor de ser falso, de ser tudo jogada publicitária pra manter o nome na mídia e ganhar dinheiro. Acho até que isso pode ser verdade muitas vezes, mas sempre dou o benefício da dúvida. O exibicionismo não é incompatível com o amor, e posso dizer isso porque eu mesma sou uma exibicionista - afinal, foi esse meu defeito que me trouxe pra indústria pornô, onde ninguém faz sucesso sem gostar, nem que seja um pouquinho, de expor o corpo.

 

Nós, os exibicionistas de todos os tipos, astros pornôs inclusos, temos essa necessidade de estar na boca do povo. É pelo comentário dos outros, do público, da audiência, que nos sentimos vivos. O comentário pode ser bom ou ruim, não importa: a dor de um tapa e o prazer de um afago têm a mesma capacidade de nos desentorpecer pra vida (na verdade, meu lado submissa me diz que um tapa pode ser até melhor). Essa necessidade que temos de nos expor não é, de forma alguma, incompatível com o amor. Claro que é preciso dosar as coisas para que a exposição não destrua totalmente o amor, é preciso cuidar para que o exibicionismo puro não tome o espaço do romance. Mas não é porque paparazzi foram convidados pra cerimônia que o casamento é de mentira.

 

E tem ainda a questão do dinheiro. Certas profissões exigem exposição - a minha é uma das que mais exige - e ganhar dinheiro se expondo não é contra a lei. Fazer um casamento vistoso, ou um vídeo íntimo, e depois vender as imagens é ganhar dinheiro honesto e suado - bem suado, no caso do vídeo íntimo. Amor, ganha-pão e exibicionismo podem conviver pacificamente, basta ter equilíbrio.

 

Era com argumentos assim que Calle e eu estávamos tentando convencer Jil a aceitar a proposta que o Plaisir, o resort onde Calle tinha feito a nossa reserva para a lua-de-mel, nos havia feito. O Plaisir é um desses hotéis eróticos, onde roupas são opcionais e o sexo em público é liberado. Ou seja, o lugar perfeito para uma gostosa putaria. E lá estávamos, na sala de reuniões da parte submersa do hotel, com janelas de vidro com vista submarina para o recife onde peixes coloridos pastavam sobre o coral, indiferentes à nossa discussão. Nós três estávamos sentados, seminus, congelando embaixo do ar-condicionado, com um contrato redigido em francês na nossa frente esperando a nossa assinatura. Um contrato para o hotel filmar nosso casamento e lua-de-mel - inclusive momentos íntimos - e transformar em material publicitário. Em troca, ganharíamos upgrade, um cachê módico, e, principalmente, exclusivos vouchers vip do spa do hotel para tratamento hiperluxo do corpo todo com a raríssima lama vulcânica do Monte Kame-hame-há. Mas Jil teimosamente se recusava a aceitar a proposta.

 

Estávamos no Tahiti há menos de vinte e quatro horas. Havíamos aterrissado em Papeete no final da tarde, com atraso por causa do mau tempo no caminho. Estávamos bem esgotados da viagem e da milhagem somada ao Mile High Club. Calle, irritada, reclamava da roupa do Jil enquanto saíamos da área de desembarque:

 

“Jil, eu até suporto que você use a mesma camisa do Brasil o tempo todo. Agora, meia branca e chinelo é demais!”

 

“Aff, eu pus a meia por causa do ar-condicionado do avião, é inclusive a meia que veio na sacolinha que eles deram, eu não ia deixar para trás, né?”

 

Mandei os dois pararem de brigar, pois tinha avistado o motorista do traslado do hotel. Ele nos aguardava com uma plaquinha discreta com o nome dos hóspedes que seriam recepcionados.

 

Nos apresentamos pro rapaz, um polinésio jovem e simpático de camisa florida chamado Teiki, que falava um portunhol passável. Ele nos reconheceu, e revelou ser fã dos filmes do Jil. Pouco depois apareceram os outros passageiros do traslado, dois casais franceses muito simpáticos, Sophie e Jean Pierre, e Ève e François. Ève era a mais bonita, uma loira elegante na casa dos quarenta, dona de olhos verdes intimidadores, que não paravam de pousar em mim. Já tínhamos trocado alguns olhares durante o voo e, se não fossem as seguidas ordens de permanecer nos assentos durante o mau-tempo, talvez tivéssemos nos conhecido melhor dentro do banheiro da primeira classe.

 

Teiki nos levou até o estacionamento, onde embarcamos numa van discreta e confortável, sem nenhuma identificação que a relacionasse ao Plaisir. Depois, seguimos por uma bela estrada à beira-mar, assistindo ao sol se por espetacularmente no Oceano Pacífico.

 

Com a ajuda de Teiki, engatamos uma conversa gostosa com os dois casais, usando nosso inglês macarrônico de astro pornô, e o pouco de francês que eu tinha aprendido num curso durante a Copa na minha época de GP. Claro que, sendo todos hóspedes do Plaisir, sexo rapidamente virou o assunto, ainda mais depois que Calle, Jil e eu revelamos nossa profissão. Todavia, ninguém havia dito nada realmente tórrido até que, pouco antes de chegarmos ao hotel, Ève, que não havia falado nada o percurso todo, dirigiu uma pergunta pra Calle: perguntou, em francês, o preço de "la chienne".

 

 

Levei um segundo pra entender que "la chienne" era eu. A submissa dentro de mim despertou e soprou pra longe todo o cansaço da viagem, num arrepio de tesão. Gaguejei pra traduzir pra Calle, que mandou eu responder assim:

 

"Fala para a madame que a cadelinha não está à venda. Maaas... a gente pode fazer uma permuta. Uma noite da cadelinha só para eles, em troca de uma noite da loira e do marido dela para mim e para o Jil. Quero ver você traduzir isso sem gaguejar, 'chienne'". Jil só abriu um sorriso safado, e deu uma piscadela para Ève enquanto eu gaguejava a tradução.

 

A van ficou em silêncio esperando a resposta de Ève. Eu devia ser a mais tensa.

 

"Oui, d'accord", respondeu Ève, encarando Calle maliciosamente. E aí a van explodiu em falatório e risos, cada um tentando fazer o comentário mais picante que o outro.

 

Acho que a noite da proposta de Calle teria começado naquele instante, dentro da van mesmo, se Teiki não tivesse avisado que estávamos chegando ao hotel. Poucos minutos depois descíamos da van. As burocracias do check-in melaram o clima, mas pelo menos foram rápidas. Teiki nos ajudou como intérprete. Depois de registrados, Teiki nos explicou de forma bem objetiva as normas do hotel, porque, afinal, até putaria tem que ter regras: onde se pode andar pelado e onde não, onde se pode fazer sexo em público e onde não (tipo, nada de transar encima do buffet, pra não dar problemas com a vigilância sanitária), não filmar, não hospedar prostitutas, não transar com os empregados etc. Ele terminou com a regra mais importante: “NON - C'EST NON”, "Não é Não". Depois, Teiki nos entregou pulseiras de contas vermelhas que, quando usados, sinalizariam que a pessoa queria ser deixada em paz. "Que nem cartela de churrascaria", disse Jil, mas Teiki não captou a piada. Por fim, assinamos uma declaração concordando com as políticas do hotel e fomos liberados.

 

A gente ia seguir direto pro nosso bangalô sobre as águas, aonde já tinham sido levadas nossas malas, mas Ève e François nos convidaram pra jantar. Estávamos todos famintos, e aceitamos. Sophie e Jean Pierre se juntaram a nós durante o jantar. Claro que, depois de um pouco de conversa, de alguns pés se acariciando sob a mesa, e de uma aposta sobre quem conseguia tirar a calcinha na cadeira sem os outros perceberem, o clima que estava na van se restabeleceu. Fomos os sete terminar a noite com uma deliciosa orgia nas confortáveis almofadas em torno da piscina, nus sob as estrelas. Não sei se a noite contou pro acordo de Calle com Ève, mas eu sei que todo mundo transou com todo mundo - inclusive os hóspedes que se juntaram a nós depois.

 

A orgia estava no pico quando Jil sugeriu a Calle e eu que saíssemos à francesa. Estávamos cansadas e mais que satisfeitas, e fizemos como sugerido. Não achamos as nossas roupas; felizmente a porta do nosso bangalô sobre as águas se abria com senha, que Jil tinha tido o cuidado de memorizar. Imagina achar um cartão magnético de fechadura no meio do vuco-vuco.

 

O quarto era amplo e lindamente decorado com motivos polinésios, e ainda tinha um porão de vidro que descia embaixo da água, de onde se podia observar os peixes da laguna. O banheiro era grande, e tomamos uma ducha os três juntos. Nossos corpos se esfregando reabriram o desejo, e terminamos a noite fazendo amor a três até adormecermos docemente um sobre o outro ao som das ondas nas palafitas.

 

Só no dia seguinte vimos o verdadeiro motivo para as pessoas viajarem para o meio do Pacífico e se hospedarem em bangalôs de palafita: acordamos assistindo ao sol nascer no mar, com o azul-turquesa da laguna se estendendo até o horizonte e se confundindo com o céu, e peixes multicoloridos nadando sob os nossos pés. Jil foi o primeiro a saltar na água, nu e de cabeça. Nós duas o seguimos, gargalhando. Farreamos e nos beijamos e nos acariciamos muito no meio dos peixes. Poderíamos facilmente passar todos os nossos seis dias de hospedagem sem sair do bangalô, vivendo de serviço de quanto, curtindo a rede, o mar e a companhia um do outro. Assim parecia que ia ser, até Calle lembrar, entre mergulhos, que no final daquele dia seria a cerimônia de casamento polinésio que ela havia contratado, e que precisávamos ver os preparativos.

 

Vestimos roupas de banho e fomos tomar café-da-manhã no salão. Como tínhamos assuntos a resolver, colocamos as pulseiras de contas vermelhas pra não sermos importunados. No caminho, animada pelo exemplo das hóspedes europeias, tirei a parte de cima pra passar o dia de topless. Calle seguiu meu exemplo. Andando sensualmente pelo hotel, conseguimos virar alguns pescoços, mas quem mais chamava a atenção era Jil e o grande volume berinjelesco dentro de sua sunga vermelha. As pulseiras funcionaram: embora chamássemos a atenção, ninguém nos abordou.

 

Na beira da piscina não havia qualquer sinal da orgia da noite anterior (quanto às nossas roupas, as recuperamos depois no eficiente e discreto serviço de achados-e-perdidos de que o hotel dispunha exatamente pra esse tipo de situação).

 

O salão do café-da-manhã ficava numa parte do hotel construída abaixo do nível do mar, e tinha grandes janelas de vidro que permitiam observar os cardumes do recife de coral da laguna. Nos fartamos com as delícias francesas do café-da-manhã, e, deuses, como estávamos com fome! Jil deve ter comido metade dos croissants do buffet, e eu e Calle não ficamos muito atrás. Os peixes pastando no coral devem ter ficado com inveja.

 

Depois do desjejum, procuramos a lojinha do operador de turismo responsável pela cerimônia, mas ainda estava fechada. Para fazer hora, visitamos as outras lojinhas do saguão da recepção. Jil se interessou pela operadora de mergulho, e eu também. Fazia tempo que eu queria aprender a mergulhar, e perguntei pelos preços do equipamento e das aulas.

 

"Dispensa as aulas", interrompeu Jil. "Tenho certificação de instrutor, posso ensinar vocês duas a mergulhar".

 

"Espera aí, como assim você tem certificação de instrutor, Jil? Você nunca me contou!", perguntou Calle, indignada.

 

"Ué, você vive me chamando de dino, não é mesmo? Se eu sou um dino, quer dizer que eu já vivia e aprendia coisas muito antes de vocês, mamíferas, aparecerem na face da Terra. Se eu for contar tudo que já fiz na vida antes de conhecer você, esposa, a lua-de-mel ia acabar e eu ainda não teria terminado", respondeu Jil, sorrindo.

 

"Você está quetendo ir dormir com os peixes, não é, Jil?", replicou Calle.

 

Jil suspirou. "Faz uns anos, teve uma moda de pornô subaquático. Filmei muitas e muitas horas submerso. Somei tudo e vi que dava pra tirar certificação de instrutor".

 

Não consegui segurar o riso. Beijei Calle pra tirá-la do estado de indignação, falei pra atendente que alugaríamos outro dia, e sugeri darmos uma olhada no spa do hotel, o que ela aceitou com alegria, e Jil com um bufo entediado.

 

No spa, sentados no confortável sofá da recepção, Calle e eu nos divertimos zoando o Jil enquanto líamos o portfólio de tratamentos:

 

"Olha aqui esse peeling de diamante, Jil! Você adora um diamante! Que tal você fazer um para amenizar as suas rugas!"


 

"Melhor não, Calle. É capaz que o peeling arranque as escamas de dinossauro do Jil", zoei com um sorriso safado.

 

"Ha-ha", desdenhou Jil, com uma careta. "A maioria dos dinossauros tinha penas, sabia não, mamífera?", disse ele, dando um beliscão leve no meu mamilo.

 

"Ai, não começa que a gente ainda tem muito que ver!", fingi me queixar, rindo. E então apontei pro portfólio: "Ei, olha aqui esse banho termal de leite e mel!".

 

"Ahhhhh, nesse o Jil é capaz de beber a banheira toda!", emendou Calle.

 

E caíamos na gargalhada. Até que lemos, na última página, "Cuidado hiperluxo de corpo todo com lama vulcânica do Monte Kame-hame-há: sob consulta". Aí paramos de rir.

 

"Lama vulcânica do Monte Kame-hame-há! Ela existe mesmo! Achei que era lenda urbana", falei.

 

"Dizem que é essa lama que a Lisara usa para ter aquela pele brilhante da capa dos filmes", disse Calle.

 

"Eu nunca ouvi falar", disse Jil.

 

"Shhhhh, Jil, antes da gente casar nem pós-barba você conhecia", replicou Calle.

 

"É que pós-barba foi inventado depois que eu já tinha barba", provocou Jil.

 

"Tem estudo dizendo que a lama vulcânica do monte Kame-hame-há tira até celulite", falei. "A gente precisa passar essa lama!". Me levantei do sofá e fui conversar com a vendedora no balcão. Apontei pro tratamento no menu, e perguntei quanto custava.

 

"Sinto muito, madame, mas esse item do menu está em falta".

 

"Como assim em falta?"

 

"Não temos mais disponível a lama que usamos nesse tratamento. Ela só é encontrada numa caverna no Monte Kame-hame-há durante as erupções, e só pode ser extraída a 826 graus Celsius, por vulcanólogos experientes com roupas de fibra de cerâmica..."

 

"Tá, mas vai chegar mais da lama essa semana?", interrompi.

 

A vendedora pareceu ficar ofendida com a minha interrupção, mas o treinamento para não julgar os hóspedes prevaleceu. Com educação ela respondeu:

 

"O nosso estoque para comercialização esse ano já terminou. Receberemos mais na próxima erupção do Monte Kame-hame-há, que não tem previsão de acontecer. Temos apenas mais algumas unidades, mas elas só estão disponíveis para quem tiver um voucher VIP dado pela gerência do hotel a hóspedes especiais".

 

"O que é preciso pra ser um hóspede especial?", perguntei, ávida.

 

"Desconheço os critérios da gerência, a senhora teria que falar com eles", desconversou a vendedora.

 

Agradeci e, chateada, voltei pro sofá pra dar a má notícia pra Calle. Desanimamos do spa, e voltamos pro saguão da recepção pra ver se o operador do casamento já tinha reaberto. Uma senhora polinésia muito simpática já estava lá dentro atrás da mesa, e nos atendeu com alegria, explicando todos os passos do casamento. Com a orientação dela, decidimos os últimos detalhes de roupas, bebidas etc. Era tanta coisa que Calle foi buscar o celular no bangalô pra tomar notas. Quando saímos da loja já estávamos com fome de novo, e nos dirigimos às mesas da piscina.

 

Pedimos mahi-mahi pescado com arpão, e comemos farta e deliciosamente, apreciando os corpos sarados que se bronzeavam nus à nossa volta sob o sol escaldante. Não era permitido sexo na área das mesas, mas isso não impedia que fosse um local de xavecagem pesada. Depois de terminar a sobremesa, decidi tirar a pulseira de contas pra ver no que dava.

 

Para minha surpresa, a primeira pessoa que se aproximou de mim foi um homem de terno e gravata. Ele era alto, de cabelos loiros, e muito charmoso.

 

"Boa tarde, meu nome é Denis Lefèfre", se apresentou ele, em espanhol. "Sou um dos gerentes do Plaisir. Espero que estejam aproveitando a estadia".

 

O tal LeFèvre começou então uma papo agradável sobre o hotel, o Tahiti e pontos turísticos. Calle, Jil e eu trocamos olhares. Já tínhamos participado de negociações demais pra saber que aquela não era uma simples conversa de boas-vindas de gerente de hotel. Calle cortou o papo dele e foi direto ao ponto:

 

"Senhor LeFèvre, tudo que o senhor está dizendo é muito instrutivo, mas o senhor não veio na nossa mesa falar de turismo. O senhor está querendo fazer uma proposta, e eu acho que é uma proposta comercial", disse Calle, em portunhol.

 

“Madame é muito perspicaz. Se puderem conceder alguns minutos do seu tempo, por favor, venham comigo que explicarei o que tenho a propor”.

 

Curiosos, seguimos o senhor LeFèvre até o restaurante submerso, onde ele abriu uma porta discreta que levava por um corredor com janelas de vidro com vista submarina. No caminho cochichei pra Calle: "Será que essa proposta envolve vouchers vip pro spa?"

 

"Vou garantir que envolva", respondeu Calle. O gerente abriu uma porta, e entramos numa belíssima sala de reuniões com grandes janelas de vidro com vista submarina, e uma claraboia de iluminação acima, pela qual podíamos ver as silhuetas elegantes dos tubarões galha-preta nadando preguiçosamente. O ar-condicionado era forte e barulhento. Fiquei arrepiada, e meus bicos doíam de tão duros.

 

“O teto desta sala está três metros abaixo do nível do mar”, explicou o sr. LeFèvre. “Esta sala foi concebida como parte do centro de convenções do resort, que originalmente não tinha a proposta de erotismo. Atualmente ela é ocasionalmente usada por hóspedes que querem um ambiente tranquilo de trabalho”.

 

“Não muito tranquilo, a julgar pelo barulho do ar-condicionado”, interrompeu Calle.

 

O senhor LeFèvre apenas sorriu com o comentário, e continuou:

 

“A gerência também a usa a sala para reuniões. A senhorita pode carregar o seu celular no carregador no móvel ao lado da porta. Sentem-se, por favor.”

 

O celular de Calle realmente estava quase sem bateria, e ela o colocou para carregar. Nos sentamos à grande mesa de tampo de vidro no centro da sala, em cadeiras de couro que grudava na nossa pele nua. O gerente pegou uma pasta em um armário, se sentou do lado oposto da mesa, e finalmente desembuchou:

 

"A rede Plaisir está preparando uma nova campanha publicitária, focada na alegria e na satisfação do hóspede. Queremos mostrar o hóspede em situações reais no hotel, queremos mostrar o que nosso hóspede poderá encontrar aqui. Para isso nosso departamento de marketing quer imagens de hóspedes reais".

 

"Mas para isso vocês teriam que filmar os seus hóspedes", atalhou Calle, "e acho que a maioria deles não gostaria de aparecer em uma campanha publicitária os associando a um hotel erótico. Ainda mais quando o que o seu departamento de marketing quer, na verdade, são vídeos dos hóspedes transando".

 

Denis mordeu o lábio. "Precisamente, madame", disse. "A ideia é veicular a campanha em canais de streaming erótico".

 

Eu continuei o raciocínio de Calle: “Mas aí aparecemos nós, atores pornôs, acostumados, por profissão, a sermos filmados fazendo sexo. Hóspedes reais, e ainda por cima em lua de mel. Aí vocês pensaram: por que não filmar eles?”

 

“Precisamente, madame”, respondeu Denis de novo. “Ontem à noite eu soube que estávamos hospedando três famosas estrelas pornôs de Los Vengeles. Ficamos muito lisonjeados por sermos o hotel de escolha da lua de mel de vocês. Imaginei que isso cairia como uma luva na nossa campanha. Falei com nosso departamento de marketing e fui autorizado a fazer uma proposta, que está detalhada nesse contrato”, ele prosseguiu, nos apresentando um papel redigido em francês, tirado da pasta. “Por seis dias de filmagem vocês receberão um upgrade para a suíte presidencial, uma vultosa compensação financeira e a cereja do bolo, vouchers VIP da gerência para tratamento no nosso spa com a exclusiva lama vulcânica do Monte Kame-hame-há. Sim, fui avisado dos desejos de vocês pelo nosso pessoal e fiz incluir a lama no contrato. A proposta é irrecusável”.

 

Calle e eu arregalamos os olhos. “Posso ler?”, perguntei.

 

“Eu já mencionei os principais pontos, madame, mas se souber francês, sim, pode ler”, respondeu o gerente, um pouco indignado pela minha ousadia.

 

Apanhei o contrato, redigido em francês, e me pus a traduzi-lo da melhor maneira que pude para Calle e Jil. A tal “vultosa compensação financeira” era um cachê bem ruinzinho, mas o hotel se esmerava em valorizar o que ele tinha de exclusivo: hospedagem e lama.

 

Acabei de ler, animada com a perspectiva do voucher exclusivo. E então Jil disse:

 

“Não”.

 

Calle e eu ficamos indignadas. Jil raramente era categórico assim conosco. O sr. LeFèvre já nos olhava com impaciência. E o ar-condicionado barulhento já estava dando nos nervos de todos nós.

 

“Senhor LeFèvre, pode nos deixar a sós um pouco?”, pediu Calle, com um sorriso.

 

“Claro”, respondeu o gerente, sem esconder o tom de irritação na voz. Mesmo assim, ele saiu da sala.

 

Assim que a porta fechou despejamos argumentos sobre Jil para convencê-lo a assinar o contrato. Afinal, não seríamos filmados fazendo nada que já não tivéssemos feito em público, era a chance de combinar trabalho e lazer e, acima de tudo, o pagamento era com a exclusiva lama vulcânica do Monte Kame-hame-há!

 

Jil ouviu os argumentos pacientemente e respondeu:

 

“Meninas, estas são as primeiras férias que eu tiro na vida. Eu trabalho duro desde que me conheço por gente. Assinar esse contrato transformaria as férias em trabalho, férias que tirei com as duas mulheres que amo. E essa viagem é a nossa lua de mel. Não quero que ela seja outra coisa”.

 

O argumento de Jil nos desmontou. Calle e eu o abraçamos, e nos beijamos.

 

Chamamos o sr. LeFèvre de volta.

 

“Decidimos recusar a proposta, senhor LeFèvre”, anunciou Calle.

 

LeFèvre não gostou da recusa, mas ainda assim respondeu em tom friamente educado: “Oh, infelizmente devo insistir. Recusar seria muito ruim para todos nós, e em especial para vocês”.

 

“Insistir? Nós já dissemos não”, retrucou Calle.

 

“Vocês não podem falar não”, insistiu LeFévre.

 

“E a política do hotel de “non c'est non'?”, perguntei. Se aplica a hóspedes e seguramente também ao senhor. Está nos papéis que assinamos no check-in.”

 

“Essa política não se aplica a vocês, porque vocês se hospedaram infringindo as nossas normas.”

 

“Que norma?”, perguntamos Calle e eu em uníssono.

 

“A norma que proíbe a hospedagem de prostitutas”.

 

Nossos queixos caíram. O senhor LeFèvre continuou:

 

“Na verdade, foi bem oportuno que vocês tenham mencionado os termos de responsabilidade que assinaram ao se hospedarem. Estou com eles aqui, me permitam ler o que diz a cláusula oito”, disse LeFèvre com um sorriso maligno no rosto, enquanto tirava da pasta o papel que havíamos assinado. Ele pigarreou e leu com a voz empostada:

 

“É terminantemente proibido praticar prostituição e/ou cafetinagem nas dependências do hotel, bem como hospedar profissionais do sexo. Infrações acarretarão a expulsão do hóspede, sem reembolso, sem prejuízo da comunicação às autoridades”. LeFèvre guardou os termos de compromisso e acrescentou: “As leis do Tahiti são rigorosas com a prostituição. Nós, como hotel erótico, somos muito cuidadosos para não sermos confundidos com um bordel que hospeda prostitutas”.

 

“Minhas esposas não são prostitutas!”, irrompeu Jil, indignado, se levantando da cadeira.

 

“Não é o que diz esta reportagem, monsieur”, retrucou o senhor LeFèvre, no mesmo tom, se levantando também e tirando da pasta mais um papel. Eu reconheci imediatamente, era o impresso de uma entrevista que concedi na época que ainda era dona do Sex Dream. Meu estômago embrulhou. O senhor LeFèvre leu um trecho destacado com marca texto:

 

“Entrevistador: 'O que você fazia antes de se tornar uma estrela pornô, Kat?' Katiane: 'Querido, eu era garota de programa, isso não é segredo nenhum. Eu vim do interior, expulsa de casa, sem apoio nenhum da família. Comecei a fazer programas. Só parei quando virei dona do Sex Dream, que aí não dava tempo mesmo”.

 

“E-eu não fiz programa nenhum no seu hotel, senhor LeFèvre!”, gaguejei.

 

“Não?”, retrucou LeFévre. “Ouvi dizer que ontem, na van do aeroporto para cá, a senhorita Calle ofereceu os serviços sexuais da senhora Katiane a uma das nossas hóspedes mais antigas. Talvez o motorista da van possa confirmar esse boato”.

 

“Deixe-me entender o que o senhor está propondo, senhor LeFèvre”, falou Calle, que tinha se levantado da mesa e estava conferindo se seu celular já estava carregado. “O senhor está nos ameaçando de nos expulsar do seu hotel, e nos acusar de prostituição para as autoridades da ilha, a menos que assinemos o contrato?”

 

“Precisamente, madame. Não sou um homem que aceite não como resposta. Ainda mais de um par de vadiazinhas e do marido corno delas”.

 

Continua...


Editado por Katiane, 19 dezembro 2020 - 06:12 .

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